tag:blogger.com,1999:blog-5434304222794282072024-03-12T20:52:15.517-07:00abóboracaroline g.http://www.blogger.com/profile/01863880339616718670noreply@blogger.comBlogger30125tag:blogger.com,1999:blog-543430422279428207.post-88652833448512507622008-09-24T20:36:00.000-07:002008-09-24T20:39:09.090-07:00high as f***<object width="425" height="344"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/i2spZ-NDfS4&hl=pt-br&fs=1"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/i2spZ-NDfS4&hl=pt-br&fs=1" type="application/x-shockwave-flash" allowfullscreen="true" width="425" height="344"></embed></object><br /><br />Se James Blunt fumasse um, fosse hetero e achasse "Superbad" um filme engraçado, ele seria isso.Unknownnoreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-543430422279428207.post-54340798854737980392008-09-15T20:00:00.000-07:002008-09-15T20:57:42.456-07:00DJ KaiserSemana passada rolou a quinta edição da <a href="http://www.festaw.com/">W</a>, festa que produzo com outros amigos e que sempre nos rende uma baita dor de cabeça - na ressaca do dia seguinte, depois de mais uma noite divertidíssima.<br /><br />A festa é temática e <a href="http://www.festaw.com/news/">depois de celebrar os 16 anos, 7 meses e 7 dias da dissolução da União Soviética</a>, apontou para outro ponto do mapa: Índia. Bollywood foi o tema da última festa.<br /><br />Além de cuidar da produção, finjo que sou DJ. O resultado dessa minha farsa pode e deve ser conferido abaixo. Basta clicar nesse menino indiano que vi numa pracinha.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://rapidshare.com/files/143908195/W5_milloskaiser.mp3"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 400px;" src="http://i498.photobucket.com/albums/rr342/milloskaiser/moto_0203.jpg" alt="" border="0" /></a><br /><br />Mais mixes da W Crew Soundsystem Sistema de Som estão disponíveis <a href="http://www.myspace.com/festaw">aqui.</a>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-543430422279428207.post-81106483570751064712008-09-15T19:20:00.000-07:002008-09-15T20:27:25.473-07:00Nissei Nagi NodaA diretora dessa pintura (mesmo) de videoclipe aí em baixo é Nagi Noda, artista pop japonesa que com apenas 35 anos (valeu, Wikipédia) faleceu na semana passada (bom timing jornalístico, Millos).<br /><br /><object height="344" width="425"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/UdvMKkhlQiQ&hl=en&fs=1"><param name="allowFullScreen" value="true"><embed src="http://www.youtube.com/v/UdvMKkhlQiQ&hl=en&fs=1" type="application/x-shockwave-flash" allowfullscreen="true" height="344" width="425"></embed></object><br /><br />Esse outro é uma propaganda da Coca-cola, que usa a mesma técnica. A música é do Jack White, que, ao que parece, compõe uma música sempre que respira.<br /><br /><object width="425" height="344"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/vKGw_KYH63k&hl=en&fs=1"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/vKGw_KYH63k&hl=en&fs=1" type="application/x-shockwave-flash" allowfullscreen="true" width="425" height="344"></embed></object><br /><br />Ela ainda tem outros trabalhos para propaganda e clipes para bandas modernetes como Scissor Sisters e Cut Copy. Valem a pena ser conferidos. Pena: Nagi saiu da festa cedo demais.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-543430422279428207.post-78317023918147941592008-09-12T13:11:00.000-07:002008-09-15T19:16:27.302-07:00"Créu! T. Neves leva Melancia aos alemães"E isso aí em cima era uma manchete no <a href="http://www.globo.com/">globo.com</a>, sua fonte diária de frases surrealistas.Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-543430422279428207.post-47839049057326734332008-09-01T08:28:00.000-07:002008-09-12T13:11:02.656-07:00yeasayerSabe aquela banda que você descobre e fica se arrependendo de não ter conhecido antes? Pois aí vai uma. Provavelmente uma das coisas mais brilhantes que escutei nos últimos tempos.<br /><br /><p><object height="344" width="425"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/dhW8dH7txeU&hl=en&fs=1"><param name="allowFullScreen" value="true"><embed src="http://www.youtube.com/v/dhW8dH7txeU&hl=en&fs=1" type="application/x-shockwave-flash" allowfullscreen="true" width="425" height="344"></embed></object></p><p>Agora me diz: alguma coisa há na água do East River no Brookylin. Pois, independente d'eu gostar ou não de todas elas, Vampire Weekend, MGMT, Herculles and Love Affair, Dragons of Zynth, LCD Soundsystem, Rapture ... tantas bandas incensadas assim num mesmo condado ao mesmo tempo é indício de alguma coisa, definitivamente. </p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-543430422279428207.post-85551302163059380532008-08-09T11:47:00.000-07:002008-11-20T19:53:48.683-08:00Martim & o Buraco<span style="font-style: italic;">Com tanto problema, não é com esse que vou me preocupar.</span><br /><br />Realmente, um discreto ponto negro num chão de tábua corrida não chega a ser um grande problema, podendo perfeitamente ser pensado apenas como “estranho” e “insólito” – os adjetivos que Martim escolheu para, mentalmente, conversando consigo mesmo, classificar a novidade. O diâmetro do buraco recém brotado era de um dedo indicador mais ou menos, coisa que ele percebeu quando levantou da cama apertado para ir ao banheiro e, por um lapso incomum de curiosidade, decidiu agachar e analisar a novidade pela primeira vez.<br /><br /><span style="font-style: italic;">Hum, é do tamanho do meu dedo indicador. </span><br /><br />Permaneceu mais alguns dias sem dar importância ao novo detalhe de seu quarto, de modo que só mudou de comportamento quando decidiu checar a profundidade daquilo. Nesse momento, outros adjetivos e também palavras de outras classes gramaticais, ocorreram-lhe. Como era possível enfiar uma vassoura inteira ali, como se o buraco não tivesse fundo? E, epa!, como era possível a vassoura sequer entrar ali, se antes ele lembrava bem que seu dedo se encaixava perfeitamente, sem sobras?<br /><br /><span style="font-style: italic;">Que merda é essa? </span><br /><br />Num curto espaço de tempo, Martim confirmou que o buraco estava mesmo crescendo de tamanho. Já conseguia enfiar nele o braço todo, coisa que começou a fazer com notável freqüência, just for the fun of it. Chegava em casa e não raro deitava de bruços e ficava brincando de não ter braço, de tirar fotos de sua nova fisionomia incompleta refletida no espelho.<br /><br /><span style="font-style: italic;">Click! Click! Click!</span><br /><br />No seu mural já era possível encontrar fotos de Martim sem perna, sem os dois braços, sem cabeça. Mas a brincadeira durou pouco. O buraco já estava grande demais, ocupava já quase um terço da área do seu quarto e a impressão era que quanto maior ele ficava, mais Martim se afeiçoava a ele - o que se acentuou razoavelmente quando ele descobriu uma nova finalidade para o agora não só ocultador de membros. Percebeu que o que era jogado ali sumia de imediato. Martim tinha no próprio quarto um desmaterializador, um meio de fazer qualquer coisa que existisse, independente de sua natureza, deixar de existir. E foi esse o destino das cartas de sua ex-namorada, dos discos que não escutava mais, do lixo do almoço, da camisinha usada.<br /><br />E não era como se ele estivesse jogando essas coisas no lixo. Era mais que isso. A certeza da infinitude do buraco dava ao ato de se livrar desses objetos uma dimensão completamente nova. Pois, o que vai pro lixo fica na lixeira ainda por algumas horas, presente ali, existindo, fedendo. Isso sem falar da possibilidade daquilo parar na mão de alguém, ser reciclado. Com o buraco era diferente. Nele tudo entrava, dele nada saía. Um passe expresso para o esquecimento individual e coletivo, para um cemitério metafísico de coisas que já estavam mortas faz tempo, que só serviam para relembrá-lo do que não queria. Como fantasmas.<br /><br />Verdade que vez ou outra era uma camisa de que gostava que acabava caindo por acidente. Mas, ainda assim, as vantagens compensavam. Tudo que Martim não precisava mais, que estivesse o incomodando de alguma ou de várias formas, era fadado ao desaparecimento, a um mergulho sem volta naquele vácuo privativo.<br /><br />E Martim mergulhou ali muitas coisas, que fora acumulando por toda a vida. Todos sabemos que qualquer objeto não é objeto apenas, é também lembrança, sobra tangível do passado. E nas prateleiras, gavetas, armários e bolsos de Martim havia vários desses resíduos em diferentes formas: a camisa com o cheiro dela, o presente daquele amigo que não é mais amigo, a foto da avó falecida... aquele buraco era uma benção. Sua vida estava melhor sem tudo isso.<br /><br />À essa altura, o buraco já ocupava quase todo o perímetro do quarto. Martim pensou até que ele parecia estar crescendo mais rápido agora que tinha novo uso. Para cruzar o quarto, por exemplo, era preciso ir pelas beiradas, esgueirando pela parede. Um dia acordou e notou que seu armário tinha sido inteiro engolido. Exaltouse, mas logo relaxou. "Apenas passado", pensou. Da decoração antiga, percebeu que restava apenas a cama. Nessa hora, Martim ficou sentou-se nela e ficou observando aquela imensidão negra, quase hipnotizado. Fez um esforço mental para recapitular tudo já que tinha sido descartado de sua vida nesses últimos dias. Não conseguiu. E então um outro buraco começou a abrir-se, esse dentro da cabeça de Martim. Crescia mais rápido que o outro. Implacável. Os dois buracos crescendo. O negro do chão, o branco de sua mente. Crescendo. Um pé da cama fica sem chão. Martim está estático, mesmo percebendo que deslizava para seu único destino possível ali: o esquecimento. Sem memórias, Martim sequer tinha do que se despedir. Não ia deixar rastros ou restos. Sumiu no buraco, como se nunca tivesse nem nascido.Unknownnoreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-543430422279428207.post-16478135958107741462008-08-09T11:20:00.000-07:002008-08-09T11:21:31.623-07:00CopaSra. Ortiz fechou a porta. 1308. Deixou Mingau, o gato, lá dentro. Fazia 82 anos que ela, de 82 anos, não se animava tanto com alguma coisa. Apertou o botão, as portas abriram-se.<br /><br /><div style="text-align: center;">E<br /></div><div style="text-align: center;">L<br /></div><div style="text-align: center;">E<br /></div><div style="text-align: center;">V<br /></div><div style="text-align: center;">A<br /></div><div style="text-align: center;">D<br /></div><div style="text-align: center;">O<br /></div><div style="text-align: center;">R<br /></div><div style="text-align: center;"><br /></div><div style="text-align: center;">Capacidade máxima: 6 pessoas<br /></div><div style="text-align: center;"><br /></div><br />Dentro daquela caixa de madeira com detalhes em ouro oxidado, sra. Ortiz encontrou seu vizinho de porta, seu Eumir, que não estava com aquela habitual gaiola de passarinhos na mão; a jovem misteriosa Alessandra, alvo de fofocas do prédio – essa menina deve ser sapatão, olha só que roupa estranha! - que morava sozinha e não falava com ninguém; a outra Alessandra, produtora de sucesso, sempre apressada e sem tempo pros filhos Bruno e Breno, 6 e 8 anos, um de verde, outro de azul, um fiho de Augusto, outro de Hans, então um é moreno, o outro louro, que se beliscavam e brincavam de imitar barulho de peido com o sovaco.<br /><br />Todos indóceis, doidos para chegar ao térreo. Um solavanco. A porta pantográfica abre rangendo. Saíram correndo, com nítida animação. O porteiro e o entregador de pizza que estavam na portaria os seguiram, quase que intuitivamente. Não conseguiram nem abrir o portão do prédio direito. Uma multidão tomava conta do horizonte e dominava cada centímetro quadrado das ruas. Uma multidão que não começava, nem terminava.<br /><br />Babilônia. As prostitutas tinham descido (subido?) de seus inferninhos, acompanhadas de seus cafetões e dos clientes ainda se vestindo. Todos queriam ver. Velhinhas e velhinhos. Travestis, cachorros, pivetes, policiais, gringos. Nossa Senhora de Copacabana. Siqueira Campos. Santa Clara. Cada ruela, cada esquina, abarrotadas. Paisagem de epidermes suadas. O povo molhado de suor gritava naquela claustrofobia coletiva. Todos ansiosos com o que estava por vir. Suas faces sorriam. O sol a pino potencializava a troca ininterrupta de calor entre todos aqueles corpos emaranhados. Suor de um, suor de todos, lubrificante para o movimento daqueles seres atomizados.<br /><br />Em pouco tempo, não havia mais asfalto, calçada ou areia, apenas corpos. Pendurados nas árvores, presas em elevadores, em cima dos carros. Na confusão, sra. Ortiz achou Mingau, que chegou ali sabe-se lá como. Nem os animais queriam perder.<br />Helicópteros da televisão sobrevoavam o bairro e transmitiam o acontecimento em tempo real para o resto do planeta.<br /><br />10, 9, 8, 7, 6...<br /><br />Em uníssono.<br /><br />... 5, 4, 3, 2, 1, ZERO!<br /><br />Estavam todos esperando a chegada do Fim do Mundo.Unknownnoreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-543430422279428207.post-27457575374297400992008-07-27T18:03:00.000-07:002008-07-27T18:04:05.117-07:00De nada adianta acordar sem ela do lado.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-543430422279428207.post-76189218237726965112008-07-06T12:22:00.000-07:002008-07-06T12:30:55.300-07:00guelaiô, é fistáilevi dois filmes do Kiéslowski esse final de semana, mas obra-prima mesmo é isso aqui:<br /><br /><object width="425" height="344"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/6al4seQ6yQI&hl=en&fs=1"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/6al4seQ6yQI&hl=en&fs=1" type="application/x-shockwave-flash" allowfullscreen="true" width="425" height="344"></embed></object>Unknownnoreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-543430422279428207.post-34873052127625740622008-06-30T23:09:00.000-07:002008-06-30T23:55:25.380-07:00do jeito que o diabo gosta<span style="font-style: italic;font-size:130%;" >Opções para quem não quer aguardar até o dia do juízo final<br /></span><br /><div style="text-align: justify;"><div style="text-align: center;"><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgzSNFF46XYHvi59xg78woFm3xoMGFkPq0DF5kakrPwzZz5K836Fj9YviphpLBMp3E-a7Grb0TIhaQ67Llv2Ns0iaWivluKg1Si2GhQNbqr8KcYSAKxHxrw6fvlTUIZPeyfXk0akDl_GlrP/s1600-h/main.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgzSNFF46XYHvi59xg78woFm3xoMGFkPq0DF5kakrPwzZz5K836Fj9YviphpLBMp3E-a7Grb0TIhaQ67Llv2Ns0iaWivluKg1Si2GhQNbqr8KcYSAKxHxrw6fvlTUIZPeyfXk0akDl_GlrP/s400/main.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5217931410203640130" border="0" /></a><span style="font-size:85%;"><span style="font-style: italic;">Beijo na boca não pode!</span><br /></span></div><br />Para quem não sabe o que é, ou tem vergonha de dizer que sabe, inferninhos são boates como outra qualquer, com ambientes escuros, música alta, bebida e demais prazeres mundanos à disposição, inclusive, e principalmente, o mais desejado deles, o da carne. E para alcançá-lo, dispensa-se bom papo, visual atraente ou habilidades na pista de dança. Aqui, a conquista do prazer depende de um simples ato: abrir a carteira.<br /><br />Inferninhos são onde prostitutas, clientes e eventuais curiosos vão a fim de encurtar as cerimônias entre o querer e o fazer “aquilo”. De uns anos para cá, é verdade, o termo banalizou-se, ficando assim um pouco mais comportado. Cadernos de programação cultural da cidade passaram a usar a palavra para designar qualquer festa realizada em locais fechados e pequenos. Clubes como Casa da Matriz, Fosfobox, Pista 3, Dama de Ferro e Lounge 69 são alguns desses infernos mais brandos.<br /><br /><div style="text-align: justify;">Mas então onde é que a coisa esquenta de verdade no Rio de Janeiro, cidade que já não é lá muito santa? O bairro que mais se destaca pela tradição e pela quantidade de casas é Copacabana. Tanto que até Janis Joplin já freqüentou uma delas. A visita atípica, mas nem por isso menos extravagante, se deu no verão de 1970, quando a cantora hippie, reza a lenda, desceu fundo nos subterrâneos do bairro e fez um show obscuro para poucas pessoas. E se em Copa a carne já é fraca, na rua Prado Júnior e adjacências ela é mais ainda. Ali, a princesinha do mar, apelido derivado da música de Braguinha, usa mini-saia, top decotado e salto plataforma. Ao todo, são mais de seis casas.<br /><br />O Barbarella e o La Cicciolina cobram o maior preço da praça: R$60 pela entrada, com direito a dois drinks. Nos outros, a média é entre R$15 e R$40, sempre com pelo menos uma bebida incluída. No entanto, apesar das diferenças de preço, todos eles contam com atrações similares, como strip-tease, DJ’s, samba e show de mágica. Nos inferninhos da Vila Mimosa, no outro extremo da cidade, o prazer custa mais barato: a entrada é gratuita e o “serviço completo” na faixa de R$10.<br /><br />No Erotika, onde até o Mc Créu, aquele da música de mesmo nome, já tocou, para passar pela porta (do paraíso?) cobra-se R$30. Mulheres desacompanhadas não pagam. Numa terça-feira à noite, a oferta parece ser maior que a demanda, já que há mais mulheres que clientes em potencial. A maioria delas não parece ocupadas. Conversam entre amigas, bebem algo no bar, dançam, ou ajeitam o decote e a maquiagem no espelho. Rafael Prestes, jovem recifense, veio pela primeira vez ao Erotika e explica porque prefere inferninhos a prostíbulos convencionais: “Vou a lugares assim porque sou um cara romântico. Aqui você precisar abordar a mulher que te chama atenção, bater um papo, conquistar. Em puteiro você entra e já vai pro quarto com a rapariga”. O rapaz parece estar certo. A maioria dos freqüentadores só é abordada pelos garçons, que estão sempre enchendo os copos e oferecendo uma próxima dose. Ou então trazendo mais uma porção de amendoim torrado, cortesia da casa, que mal terminada já é prontamente reposta. O garçom diz que é “um mimo pros clientes”.<br /><br />Com exceção de uma mesa com oito coreanos e de poucas outras com clientes que dão toda a pinta de serem já habitués do recinto, chamando pelo nome as mulheres que passam, a maioria não parece muito interessado no que o lugar tem a oferecer. Poucos olhares miram as duas dançarinas que rebolam nos dois queijos ao lado do palco principal. Uma delas é Maitê, que sai de seu posto só de fio-dental e faz um breve desfile pelo local. Em seguida, o nome dela é anunciado pelo DJ como protagonista de um “um show pra lá de picante que tomará o palco principal em cinco minutos”.<br /><br />A trilha sonora então muda do Axé para aquelas baladas típicas de coletâneas musicais com “Love” no título. Maitê retorna acompanhada de Bruno. Os dois iniciam a performance dançando juntinhos e vão gradativamente despindo-se sob um banho de luz vermelha. Nas caixas de som, Bon Jovi entoa o refrão de “Bed of Roses” e o casal começa a transar de fato, encenando diversas posições, sempre tentando ressaltar a plasticidade do ato. Movimentam-se devagar, fazendo caras e bocas, como num filme pornô em câmera lenta.<br /><br />Apesar do show, porém, animação não era mesmo a palavra de ordem no Erotika nessa terça-feira. Amanda, sentada sozinha na mesa ao lado, concorda: “Geralmente, mesmo que não arranje nenhum cliente, me divirto. Escuto música, encontro as amigas, bebo. Hoje, nem isso. Tá deprê aqui.”<br /><br />Já na av. Atlântica, número 3432, a pasmaceira passa longe. Ali funciona a Help, inferninho tão grande e com tanta história, que talvez seja mais justo abandonarmos o sufixo “inho” e chamá-la logo de infernão. Preferida de dez entre dez gringos que vêm para a cidade com segundas intenções, a Help está presente até em vídeos no Youtube. Rumores recentes dizem que o lugar irá fechar as portas, dando lugar para a construção de um Museu da Imagem e do Som. Funcionários e prostitutas freqüentadoras duvidam da notícia. Érika, que mora em São Paulo, é uma delas: “Venho aqui há seis anos e sempre escuto isso. Mas não vai fechar não. Isso aqui sábado é cheio de global, tá na moda”, diz. De dentro, a Help nem parece a mesma da fachada decadente. As paredes são todas cobertas por reluzentes tecidos verdes, equipamentos de luz de ponta colorem a pista e o DJ Marcelinho da Rádio Transamérica é quem embala a noite. Nos dois telões, vídeos de esporte e clipes de hip-hop.<br /><br />Ao contrário do que muitos podem pensar, inferninhos não são cenário para cenas chocantes, de “sacanagem”. Ela pode até ser planejada por lá, mas a ação propriamente dita só acontece entre outras quatro paredes. Até beijos na boca um pouco mais calorosos são coibidos pelos seguranças do local.<br /><br />Outra opção ainda na cidade é a Praça Mauá. Lá, a boate Flórida oferece a promoção 5 por 1: quem levar consigo cinco amigos “ganha” uma mulher de graça. Rio de Janeiro é luxúria para pecador nenhum botar defeito; para todos os gostos e bolsos.<br /></div><br /></div>Unknownnoreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-543430422279428207.post-16401104438543688632008-06-10T06:52:00.000-07:002008-06-10T11:21:50.421-07:00Geometrizamos o mundo<br /><br />Somos<br />Quadrados<br />Habitamos<br />Cubos<br /><br />Andamos<br />Em círculos<br />Sobre rodas<br />Na linha<br /><br />Geometrizamos o mundo<br /><br />Tudo<br />Grande<br />Demais<br />Pequeno<br />Demais<br /><br />Da conta<br />Que erramos<br /><br />Cálculo mal feitoUnknownnoreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-543430422279428207.post-31879935690342129812008-06-01T07:42:00.000-07:002008-06-01T17:02:06.207-07:00viajandoCascas de pão no prato duralex. Caneca "I Love San Francisco". Dia cinza atrás da janela. Deitado no sofá fazem duas horas ou dois milênios, não sei. Vontade de ser abduzido, conhecer uma galera verde gente fina, apertar todas as suas 19 mãos, beber do bom e do melhor que há em Vórax - planetinha bem interessante esse que ainda nem foi descoberto, a não ser por mim, que estou aqui deitado no sofá fazem duas horas ou dois milênios, não sei. <div><br /></div><div><br /></div>Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-543430422279428207.post-27455060778455796072008-05-20T17:28:00.000-07:002008-05-20T17:32:41.017-07:00Porta-luvas não portam luvas, o ser humano não é humano e assim por diante...Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-543430422279428207.post-57792495712628808962008-05-20T17:23:00.001-07:002008-05-20T17:26:14.804-07:00De nada adianta acordar se for somente para deixar de dormir.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-543430422279428207.post-29014518358984891012008-05-20T17:12:00.000-07:002008-05-26T09:38:43.943-07:00Pouco a pouco constato que mais importante do que respirar é arrepiar-se. Pois se uma coisa nos mantém vivos, a outra nos faz sentir como tal. O arrepio. Que nos tirem o ar, mas deixem o frio, o calor, o susto, a música e tudo mais que nos eriça os pelos e o pensamento. Unknownnoreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-543430422279428207.post-23449572210504833392008-04-22T13:19:00.000-07:002008-04-22T13:25:31.999-07:00tráfegoVídeo que fiz com um celular Motorola U9, filmando da minha varanda o movimento dos carros embaixo. Os efeitos foram todos feitos na captação. A música é um trecho de "Red Rabbits" da ótima banda The Shins.<br /><br />Enjoy!<br /><br /><object width="425" height="355"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/Sz6DwYYptI4&hl=en"></param><param name="wmode" value="transparent"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/Sz6DwYYptI4&hl=en" type="application/x-shockwave-flash" wmode="transparent" width="425" height="355"></embed></object>Unknownnoreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-543430422279428207.post-6159607040723584192008-04-17T20:24:00.000-07:002008-04-18T10:46:45.840-07:00same as it ever was<div align="justify">same as it ever was same as it ever was same as it ever was same as it ever was same as it ever was same as it ever was same as it ever was same as it ever was same as it ever was same as it ever was same as it ever was same as it ever was same as it ever was same as it ever was same as it ever was same as it ever was same as it ever was same as it ever was same as it ever was same as it ever was same as it ever was same as it ever was same as it ever was same as it ever was same as it ever was same as it ever was same as it ever was same as it ever was same as it ever was same as it ever was same as it ever was same as it ever was same as it ever was same as it ever was same as it ever was same as it ever was same as it ever was same as it ever was same as it ever was same as it ever was same as it ever was same as it ever was same as it ever was same as it ever was same as it ever was same as it ever was same as it ever was same as it ever was same as it ever was </div>Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-543430422279428207.post-83964928309613773152008-04-16T21:39:00.000-07:002008-04-17T20:23:01.770-07:00se a Cora Rónai pode, eu também possoaqui estão alguns instântaneos capturados aleatoriamente por mim em minhas andanças por ai. todas as fotos foram tiradas com meu ex-celular, um nokia meia boca, sem nenhum tipo de tratamento digital. para ampliá-las basta clicar.<br /><br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEja4pV-Vxv0g3TUBWpT31QXa9a9aE18X0C6dISlX3kG9N_iFG5w9olBL7pxY04HG6ISvZuW-wqwp5GZ1C3VljA-l6xloW47apxwyEJ-xzObxTVT4NflMjiiaiJDaitfHg6O5fomhnodo5Vh/s1600-h/12.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5190076074571723234" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEja4pV-Vxv0g3TUBWpT31QXa9a9aE18X0C6dISlX3kG9N_iFG5w9olBL7pxY04HG6ISvZuW-wqwp5GZ1C3VljA-l6xloW47apxwyEJ-xzObxTVT4NflMjiiaiJDaitfHg6O5fomhnodo5Vh/s200/12.jpg" border="0" /></a><br /><div><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhPTHsi2l9TcpuLQipKfsOZgAmxaqmgcQ_kQEzJYsekMyIDmAwd4hyjQCti92419j0mnk33dclZ9YpsDFuQ7hfYczd4uARcL1M8Kc9nnFbLFv8YMb78LoiXnfFeNWWL3JgI2aLnAnFQv3jH/s1600-h/10.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5190075962902573522" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhPTHsi2l9TcpuLQipKfsOZgAmxaqmgcQ_kQEzJYsekMyIDmAwd4hyjQCti92419j0mnk33dclZ9YpsDFuQ7hfYczd4uARcL1M8Kc9nnFbLFv8YMb78LoiXnfFeNWWL3JgI2aLnAnFQv3jH/s200/10.jpg" border="0" /></a><br /><div><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgtQFD3U7F0xQAEwEqWpgK4DiKnw_G9lYz5FfdKkKb-r6djx1C70iNbpnSS4FSoajEZxYul366JEQFh8pVKLZlaiYSpJ7mr04NdQs4hGSWLhmE_4VgfgGIRPCRG_1vuzmd7K1kNEevWPUgW/s1600-h/09.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5190075829758587330" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgtQFD3U7F0xQAEwEqWpgK4DiKnw_G9lYz5FfdKkKb-r6djx1C70iNbpnSS4FSoajEZxYul366JEQFh8pVKLZlaiYSpJ7mr04NdQs4hGSWLhmE_4VgfgGIRPCRG_1vuzmd7K1kNEevWPUgW/s200/09.jpg" border="0" /></a><br /><div><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEirUUF_oln6V4tkk3R_9CNqzxg6ndij00nUoYLgzUR3ZtDQ0AzOjRlL3dakgXu3R65RRmf90OjTm8XX7MnASq9IWh8-z95Kp9jaHI2K4D-ey2GYiavbmCq9vCmbYIIbWlP_ZEIDh88CeQZP/s1600-h/08.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5190075709499503026" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEirUUF_oln6V4tkk3R_9CNqzxg6ndij00nUoYLgzUR3ZtDQ0AzOjRlL3dakgXu3R65RRmf90OjTm8XX7MnASq9IWh8-z95Kp9jaHI2K4D-ey2GYiavbmCq9vCmbYIIbWlP_ZEIDh88CeQZP/s200/08.jpg" border="0" /></a></div><div></div><div></div><div></div><div></div><div></div><div></div><div></div><div></div><div><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEilRjMRL2TpWqOOm1OZ6x1Ap0AFpWmNit8l5PFAKlQ5uejIZqFFyQiRpPVv_drHbr0K9BElU-qdMKWtDIOsCLOmgsDcF9DMKjaij7Xf2k5S_bin3ALGtwKQukXFKV9Ot6lh9M1tpl_zvGKA/s1600-h/07.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5190075481866236322" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEilRjMRL2TpWqOOm1OZ6x1Ap0AFpWmNit8l5PFAKlQ5uejIZqFFyQiRpPVv_drHbr0K9BElU-qdMKWtDIOsCLOmgsDcF9DMKjaij7Xf2k5S_bin3ALGtwKQukXFKV9Ot6lh9M1tpl_zvGKA/s200/07.jpg" border="0" /></a><br /><div><div><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhucMqy5U8PvSkAdq2gAu16NxmjL4mXSzrQQ0EabiXyeEyO8Y-g87aXuvdaeeLbABMUDhQWUOZusj0QfiwNxpEUkzzZckNQUvmL2Nz_hgv7H_L1IZg_hTLHhFYVMEGPTkciz4TGqM27kFBF/s1600-h/06.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5190075249938002322" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhucMqy5U8PvSkAdq2gAu16NxmjL4mXSzrQQ0EabiXyeEyO8Y-g87aXuvdaeeLbABMUDhQWUOZusj0QfiwNxpEUkzzZckNQUvmL2Nz_hgv7H_L1IZg_hTLHhFYVMEGPTkciz4TGqM27kFBF/s200/06.jpg" border="0" /></a><br /><div><div><div></div><div></div></div></div></div></div></div></div></div>Unknownnoreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-543430422279428207.post-34023825500284999082008-04-15T14:37:00.000-07:002008-04-20T11:42:44.910-07:0013.04 - negevÉ possível cruzar Israel de ponta a ponta em seis horas. Metade desse tempo é gasto só para atravessar o deserto de Negev, quilômetros infindáveis de areia, pedras e vazio que observo da minha janela, sentado na poltrona 11. Engraçado pensar quantos tiros, mísseis e vidas Israel gastou para poder chamar esse latifúndio inóspito de seu. Depois que uma guerra começa, não há retorno, não há empate. O que importa é ganhar, tanto faz o que: poder, dinheiro petróleo... ou simplesmente, areia, pedras e vazio.<br /><br />Os beduínos remanescentes vivem hoje vendendo seus costumes e folclore para os turistas passantes, que estacionam seus grandes ônibus platinados em volta das tendas para dormir algumas noites como “um verdadeiro beduíno!”. Comem a comida típica deles – <em>mãe, tem que ser com a mão?</em> -, andam de camelo – <em>tira a minha foto aqui em cima!</em> – e vêem shows ao vivo – <em>clap, clap, clap, agora toca uma em hebraico</em>.<br /><br />Estou a caminho de Eilat, a Punta del Este israelense. A cidade fica na última pontinha de terra do sul do país. No ônibus que peguei a coisa menos estranha que meus olhos encontram é o hebraico dos avisos e placas, o que por si só já me é suficientemente bizarro. Acho hieróglifos egípcios mais acessíveis, com seus desenhos bonitinhos de animais. O gato, por exemplo, significa gato, certo?<br /><br />Ao meu lado, assentos 13 e 14, um casal de judeus ortodoxos toma uma sopa de legumes numa garrafa de gatorade. O vidro translúcido me permite ver pedaços de cenoura e batata movendo-se placidamente naquele grosso caldo. Pelo menos não precisam sujar colher. Os dois romanticamente dividem aqueles 473 ml de sopa de legumes e depois limpam com as costas da mão o bigodinho bege que fica depois de cada gole.<br /><br />Um pouco mais atrás um grupo de americanos acabam de se conhecer – <em>oh my gosh, I can`t believe we went to St. Paul`s High together, that`s sooo awesome!.</em> Falam e gesticulam como os personagens dos seriados que assistem. I think someone watched too much television here.<br /><br />Na minha frente, um homem negro escreve mensagens em árabe no seu celular, enquanto o seu vizinho brinca de matar pedestres e bimbar prostitutas no seu videogame portátil. A maioria dos outros lugares são ocupados por jovens israelenses soldados, o que é uma redundância, já que todo jovem em israel é soldado, sabe atirar e tem uma arma a tiracolo. Eles, soldados e armas, são tantos que muitos tem que deitar pelo chão do ônibus ou ficar em pé a viagem toda.<br /><br />Escureceu. A paisagem, antes dourada, agora é cinza. Estou com hálito de alho - na rodoviária, atrasado para embarcar: - “Oi, eu queria um sanduíche com atum, queijo, cogumelos, cebola, molho pesto, tomate, alface e bastante pasta de alho” - , confuso e feliz. Algo me diz que ainda há muitos desertos pela frente.Unknownnoreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-543430422279428207.post-87686262878452101642008-04-05T11:46:00.000-07:002008-04-20T11:42:14.440-07:00john lennon adorava,eu idolatro: B-52`s. Chame-os de criativos, non-sense, dadaístas, “reis da new wave”, festeiros, o que for. Eles são, acima de tudo, bons. Muito bons. O grupo quando surgiu parecia coisa de outro mundo. Alienígenas de Atlanta, apática cidade norte-americana, fazendo músicas sobre lagostas roqueiras, festas fora de controle, quiche lorraine, lugares perto de Vênus, pássaros grandes, Mesopotâmia, copiadoras de dinheiro e outros temas rotineiros.<br /><br />No momento, eu e minhas caixas de som estamos conhecendo “Funplex” pela primeira vez. O novo disco do grupo vem romper o hiato de 16 anos sem gravar material novo. Não cheguei nem na metade ainda, mas já arrisco dizer que é o melhor deles desde o falecimento do guitarrista original, Ricky Wilson. É bem verdade, porém, que a banda não é a mesma depois que Ricky se foi. Seu estilo de tocar dava à banda uma sonoridade mais orgânica, tão tosca quanto charmosa. Seus riffs minimalistas meio surf music meio funk meio não-sei-o-quê, tocados na sua guitarra de quatro cordas (ele arrancava as outras duas), eram quem ditava o ritmo nas canções dos B`s. Baixo não havia, a não ser quando era feito com teclados. A bateria de Keith Strickland, atual guitarrista, seguia uma batida única por quase toda a canção. Era, portanto, os movimentos de Ricky que produziam os altos e baixos no ritmo das composições. Na maioria das vezes, começava devagar e terminava incendiando (vide “Rock Lobster”, “Runnin around” e tantas outras).<br /><br />Mas, chega de nostalgia e voltemos para “Funplex”. A música que abre o álbum é “Pump”, que quem é fã já deve ter conhecido em andanças pelo mundo virtual. Primeira coisa que me chamou a atenção foi a programação eletrônica, que tem um timbre parecido com... LCD Soundsystem. Isso mesmo, LCD Soundsystem. O B-52`s, já quase-vovôs, estão antenados no que está rolando por aí, logo não é à toa que o disco soe atualíssimo. Em declarações recentes, a banda afirmou que Gossip, Rapture e Scissor Sisters não saem de suas playlists.<br /><br />“Eyes wide open” é emblemática disso. É a faixa mais eletrônica do álbum, quase não tem guitarra. Até os vocais de Kate e Cindy entrarem, ninguém diria que se trata de uma banda que toca desde o final da década de 70, de tão contemporânea que soa. Palmas para o momento instrumental de quase dois minutos no fim da música.<br /><br />“Too Much to think about” remete ao B-52`s do começo da década de 90, quando retomaram às paradas de sucesso com “Love Shack”. “Funplex” tem o melhor refrão do disco. “Keep this party going” é quem fecha dando a pista: foi a última música, mas a festa continua – dá pra dar repeat no CD, esperar o próximo lançamento, ou ainda resgatar qualquer outro da discografia deles. Todas as alternativas são garantia de boa festa.<br /><br />As letras continuam abordando temas triviais do nosso cotidiano como espíritos, amor nos anos 3000, festas (ah, tinha que ter), helicópteros rosas e especiarias curiosas. Fiquei feliz de escutar de volta a percussão de Cindy Wilson, uma das vocalistas, presente em alguns momentos. Queria também a Cindy Wilson de 1980 de volta, mas aí já é mais difícil (olha que gracinha ela <a href="http://www.youtube.com/watch?v=e-qpGKi2Bsc">aqui</a>). Sua voz permanece impecável, assim como a de Kate Pierson, sua parceira nos microfones. A união dos timbres dessas duas cantoras tem até hoje um resultado assombrador, melhor voz pra pop não tem. Suas cordas vocais foram feitas uma pra outra, sem dúvida. O ménage à trois é completado com Fred Scheneider, que canta falando, ou vice-versa?, e dança comicamente bem.<br /><br />Os downsides de Funplex: a produção, um pouco exagerada, anula aquela verve tosca e espontânea da banda à qual me referi. Mas isso já foi perdido desde que Kate não assume mais os teclados e a banda contratou outros músicos profissionais para acompanhá-los. A capa do disco ficou cafona, ainda mais se a compararmos com a <a href="http://tralfaz-archives.com/coverart/B/b52s_1stf.jpg">obra de arte que é a do álbum de estréia</a>. Strickland se esforça para criar sua linguagem própria nas guitarras, sem desprezar o estilo de Ricky, mas não tem lá muito sucesso. Acho seus riffs modernosos demais para o B-52`s, além de precisarem de um pouco de sal. Quem sabe se ele tirasse duas cordas do instrumento...<br /><br />Mas o que importa mesmo é que a banda lançou um disco de inéditas. Superando a efemeridade dos hypes todos, o B-52`s mantém transformando sua bizarra irreverência em música. Cresci escutando o grupo, meus pais são fãs e estavam no show deles no Rock in Rio I. Ano passado, tive a oportunidade de vê-los no festival Benicàssim, na Espanha, e confesso que até hoje não consegui digerir direito o que vi e senti. A felicidade foi proporcional ao choque de vê-los enrugados, sem aquelas perucas enormes e as roupas espalhafatosas. Na coletiva de imprensa, repórter nenhum fez pergunta. Por mais óbvio que isso seja, o tempo havia passado. Eu sei, sempre passa. Mas, às vezes, me parece, isso é mais perceptível e mais doloroso de aceitar. Tive uma nostalgia de algo que nunca nem vivi.Unknownnoreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-543430422279428207.post-20895748821021139532008-03-30T22:07:00.000-07:002008-03-31T07:56:28.018-07:00divisão da (in) felicidade<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhbaa2kYgiJSdGxM8D0mJtDYAY1AsobwDz74F7xOnLPQ8sQ4Aj15aR04pk4OZJX8Sp6lQjblNtq2yJLWbAyMIQMHiTEN7Vg5cW9nLHDFJhH5s8zS-N3poeEj3g5oAUuyTgw1d0FOdI5rN_Z/s1600-h/joy-division.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5183919774143948834" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhbaa2kYgiJSdGxM8D0mJtDYAY1AsobwDz74F7xOnLPQ8sQ4Aj15aR04pk4OZJX8Sp6lQjblNtq2yJLWbAyMIQMHiTEN7Vg5cW9nLHDFJhH5s8zS-N3poeEj3g5oAUuyTgw1d0FOdI5rN_Z/s320/joy-division.jpg" border="0" /></a><br /><div>Sexta-feira vi o documentário sobre o Joy Divison no festival "É tudo verdade". Não se trata do filme que passou no Festival do Rio, que chama-se "Controle". Esse é realmente um documentário, com entrevistas, cenas da época e depoimentos. E é maravilhoso. Por várias razões. Como dizem no filme, foi a primeira banda emergida do movimento punk a ir além do "fuck you". O Joy Division dizia "I`m`fucked". E com estilo. As letras do gênio atormentado Ian Curtis referiam de William Blake a Nietzche, passando por William Burroughs de quem inclusive levou um fora certa noite, quando tentara um autógrafo. J.G. Ballard também estava na estante de Ian. "Atrocity Exhibition", um de seus livros, é título de uma música da banda.<br /><br /><br /><blockquote>Asylums with doors open wide,<br />Where people had paid to see inside,<br />For entertainment they wath his body twist,<br />Behind his eyes he says, 'I still exist.'<br /><br />This is the way, step inside.<br /><br /></blockquote><br />O filme tem uma edição ótima. Faz umas fusões de imagens que contrapõem a Manchester moderna e cosmopolita de hoje, com a Manchester de outrora, uma cidade dura, fria, desumanizada por uma Revolução Industrial que parecia não ter esse nome à toa. A impressão que se tinha era que a indústria, as máquinas, haviam se rebelado e feito elas mesmo uma revolução, onde o ser humano era a última preocupação, e o progresso a primeira.<br /><br />Os depoimentos do filme dizem que a sensação ao ouvir as primeiras notas de "Unknown Pleasures", disco de estréia da banda, cuja capa antológica abre o post, era de uma estranha surpresa. Manchester com todo seu emaranhado de concreto, vigas, lixo e pobreza virava música. Era como abrir a janela e ver o que estava lá fora, só que com um pouco mais de esperança talvez.<br /><br />Ian Curtis no palco me fez repensar o impacto de uma performance ao vivo. O jeito que se comportava era uma declaração de intimidade com a platéia rara em muitos amantes. Ian despia-se de qualquer intermédio entre ele e o público. Entrava em transe enquanto deixava seus instintos mais recônditos emergirem em forma de dança descontrolada. Entrega total. Não se sabia se era mais um de seus ataques epiléticos ou uma coreografia. Às vezes nem ele sabia. Sua voz monocórdica era na verdade cheia de nuances, denunciava toda a melancolia de sua vida, que não era pouca. Bipolar, teve que optar entre a esposa Deborah e a amante Annik, a banda e a família, a vida ou a morte. Tomou a decisão que acabaria com todas as outras opções. Suicidou-se quando tinha 25 anos.<br /><br />Que bom que sobrou o <a href="http://www.neworderonline.com/">New Order</a>, grupo que os três integrantes remascentes montaram e que toca até hoje.<br /><br />Recomendo o filme, recomendo a banda. Recomendo tudo que como os dois, mostre o bem que há no mal. O sujo que há no limpo. O céu que há no inferno.<br /><br />Trailer:<br /><br /><embed src="http://www.youtube.com/v/n2v4UwEiO-g&hl=" width="425" height="355" type="application/x-shockwave-flash" wmode="transparent"></embed></div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-543430422279428207.post-30863917057741404542008-03-23T20:33:00.000-07:002008-03-24T04:19:03.833-07:00rapid eye moviment<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6do4SaMv0Y5lOcTaTNYjtG8uJk3ES2I2s9cLwSRUavIbMHPcaGsqzqrgSIqY6LwPIOi1RQ0iKnRuOZ1hnMpltoWhyk85T9gIRhSb0OWG6HuX_2iJ8PxbSpqrmoT-V7q5In1lqM0qk0Qa3/s1600-h/super.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5181148480855943122" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6do4SaMv0Y5lOcTaTNYjtG8uJk3ES2I2s9cLwSRUavIbMHPcaGsqzqrgSIqY6LwPIOi1RQ0iKnRuOZ1hnMpltoWhyk85T9gIRhSb0OWG6HuX_2iJ8PxbSpqrmoT-V7q5In1lqM0qk0Qa3/s320/super.jpg" border="0" /></a><br /><div>Nove noites (você vai entender porque não falei "dias") para o lançamento do novo álbum do REM "Accelarate". Quem me conhece um pouco sabe que sou fã incondicional da banda, a ponto de colocá-la no meutop 5 ocasioalmente. Michael Stipe tem o dom de falar sobre os grandes temas da vida de maneira leve e simples. É filosofia que dá para assoviar.<br /></div><br /><div>Eles voltam agora depois de "Around the Sun", que pouca gente gostou, fazendo jus ao nome do disco e metendo o pé. "Accelerate" já está causando um certo rebuliço lá fora, talvez por causa da campanha de lançamento genial que o cerca. Além do seu<a href="http://www.remhq.com/"> site oficial</a> a banda lançou três outros: <a href="http://www.supernaturalsuperserious.com/">supernaturalsuperserious</a>,<a href="http://www.ninetynights.com/"> ninetynights </a>e <a href="http://www.remaccelerate.com/">remaccelerate</a>.<br /></div><br /><div>O primeiro é o mais interessante. O design é primoroso e muda de cor a cada vez que você o abre. O conteúdo consiste em doze experiências emvídeo deles tocando o single que dá nome ao site, em diferentes versões e diferentes locais. O legal é que você pode brincar com os videos simultaneamente, formando um mosaico de imagens que você mesmo edita.Tem em formato acústico, plugado, com todos ou alguns instrumentos. As filmagens seguem uma estética meio "youtube" mas não deixam de ser belas. Você pode escutar e ver "Supernatural Superserious" no estúdio, numa bruschetteria, no Lower East Side deNova York, nas ruas de Houston, numa loja de vinhos, dentro do carroou de uma loja. Parte do material faz parte do filme que o diretor Vicent Moon fez do grupo, entitulado Six Days, que vai estreiar na exposição sobre o REM no ICA (Institute of Contemporary Arts) em Londres. Pouco cool, hein. Isso tudo sem falar na música, que é ótima. Dê<a href="http://www.remhq.com/"> play</a> e comprove. Dou três escutadas para você decorar a melodia, mas três anos para você enjoar dela. Boa música pop é assim. REM também.<br /></div><br /><div>Já o <a href="http://www.ninetynights.com/">ninetynights</a> é uma contagem regressiva até 1º de abril, quando"Accelerate" será posto nas lojas (claro que você já pode escutá-lo no programa de download mais perto de você). Durante noventa dias, ou melhor, noites, foram postados vídeos diversos da banda, com previews de algumas canções. Estamos agora na noite número 83, logo 7 more to go.<br /></div><br /><div><a href="http://www.remaccelerate.com/">remaccelerate</a>, o terceiro deles, é um hotsite com as novidades das gravações, mais videos, mais músicas e a agenda do grupo. Claro que,Brasil que é bom, nada. E eu não vi o show deles no Rock in Rio. Vi outros que não vou dizer.<br /></div><br /><div></div><br /><div>Eu ainda ia falar de Portishead, Charles Bukowski, Duffy e The Twelves, mas aí seria muita coisa boa para um post só. Fica pra próxima. </div>Unknownnoreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-543430422279428207.post-30367903735832551122008-03-18T15:08:00.000-07:002008-03-18T15:20:18.983-07:00de papel (parte 2)O calor parece estar mais forte do que nunca e o chão de cimento começa a arder, porém a menina parece não perceber que suas costas fritam no concreto. Seus olhos não abrem. O dia estava extremamente claro e o piso da quadra parecia um espelho pra toda aquela luz. A cena toda é afundada num branco cego, como se os raios solares tivessem se liquefeito e inundassem tudo. Portanto, não se sabe se seus olhos não se abriam devido à claridade, ao tombo que recém tomara, ou ainda ao álcool que lhe nublava a consciência. Suas têmperas, assim como seu corpo, estavam inundados de suor. Ou de cerveja. Ou dos dois. A expressão de cada um dos amigos que ali estava, não denotava que no meio deles encontrava-se uma pré-adolescente inconsciente. Diante da incapacidade ou falta de vontade de a por em pé, a apatia domina o momento.<br /><br /><blockquote></blockquote><blockquote>E agora ? O que a gente faz ?<br />Sei lá ...Taca fogo.<br />Fogo? Sério?!<br />É,<br />taca fogo nessa porra.<br /></blockquote><br />Um isqueiro aceso, com uma pequena chama é lançado por um dos amigos. A combustão é imediata. Parece que suor e cerveja são o combustível ideal para se queimar uma jovem menina bêbada. Logo o corpo da garota desaparece, dando lugar a uma gigantesca fogueira. No entanto, não há o cheiro insuportável e os gritos desesperados que se espera de um corpo humano sendo queimado vivo. Pelo menos ninguém sentiu ou ouviu nada. Os amigos observam a triste cena impassíveis. Mais uma vez, a velocidade é de câmera lenta. Os rostos de cada um apresentam os mesmos traços de quando chegaram no churrasco, porém um pouco mais suados. O som das gargalhadas dá lugar a um silêncio profundo abalado somente pelo som da queima de tecido humano. Não há surpresa, nem pavor, nem nada parecido com uma reação vindo dos rapazes. Ausência total de tudo. Cessado o fogo que, curto e intenso, apagou-se em menos de dois minutos, o chão antes cinza de cimento é agora preto de carvão. Restam ali, as cinzas da menina. Cinzas bem claras, quase brancas. Eram bem pequenas, parecidas com pedacinhos de papel rasgados de uma folha de caderno.<br /><br /><blockquote>E agora?!<br />Sei lá...<br />Bota na água que cresce de novo.<br />As cinzas?<br />É, pô.<br /></blockquote><br />Um dos amigos, Paulinho, pega as cinzas com cuidado e as joga na piscina de plástico. Algumas ainda esvoaçam de sua mão antes de serem atiradas. Todos assistem a cena, com emoção semelhante a de um ateu que assiste uma missa. Impávidos, eles seguem para fora da quadra. Um dos amigos (o que tivera a idéia do que fazer com os restos da menina) ainda vira a cabeça e olha para o conteúdo da piscina. As cinzas, pequenos pedaços de papel, bóiam na água limpa e calma – a mais clara e refrescante que você já viu. E assim permanecem.Unknownnoreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-543430422279428207.post-46398293655113702352008-03-16T17:17:00.000-07:002008-03-16T17:18:37.264-07:00de papel (parte 1)Era um domingo de um mês qualquer, assolado pelo habitual calor insuportável daquela cidade. Um grupo de amigos ia a uma festa, um churrasco no clube. O evento começaria na parte da manhã e iria até a hora da cerveja acabar. Esses amigos se interessavam por política, música e artes. Alguns mais, outros menos. Uns muito, outros pouco. Na festa, pulos olímpicos na piscina, conversas indecentes e carne vermelha no prato se alternavam. Definitavemente não se tratava de uma juventude transviada. São todos bons filhos, passaram no vestibular e mantém o quarto arrumado. Alguns inclusive eram religiosos e iam para a igreja ainda nesse dia, após a cerveja/festa acabar. As horas vão passando e aquela sensação de que tudo está certo plaina placidamente. Um olhar exterior podia muito bem confundir a cena com uma propaganda de pasta de dente, com sorrisos infinitos e felicidade transbordando da piscina – a piscina com a água mais clara e refrescante que você já viu. Tudo embalado em ritmo lento, em slow motion. O grupo de grandes amigos conversa sobre as eleições desse ano e toda a pobreza de espírito dos governantes desse país. São jovens esclarecidos.<br /><br /> Após horas na piscina, eles decidem ir para a quadra do clube, jogar bola numa quadra de cimento. Quando estavam para iniciar o jogo, percebem uma piscina de plástico numa parte do campo, quase em frente a um dos gols. Era uma daquelas piscinas em tons de azul, pouco resistente, com validade máxima de um verão. Estava ali, enchida pela metade, sobre a quadra cinza. No entanto, nenhum deles pareceu estranhar o fato da piscina estar ali, sem gente, na quadra. Na verdade, todos eles encararam o fato como se em todas as quadras cinzas de futebol, de todos os clubes, houvesse sempre uma piscina de plástico semivazia perto de um dos gols. A idéia do jogo é rápida e facilmente esquecida. <br /><br />É, então, que um dos amigos avista uma menina que se aproxima cambaleado da quadra. O que era um borrão avistado de longe, aos poucos vai tomando forma e delineando um corpo de uma moça. Bonita. Está visivelmente fora de si. Tropeça e fala besteiras, mas ninguém presta muita atenção nisso. Como dito, a moça é atraente. Uma morena com um pequeno bikini azul. Algumas palavras sem importância são trocadas, interrompidas por soluços bêbados, mas o que mais se escuta são as gargalhadas esporrentas dos amigos diante da cena. Um deles, passa seus braços em volta do corpo esguio da menina e tenta dar-lhe um beijo. Ela o empurra de forma desengonçada e ele a respeita. Mais gargalhadas. Depois é a vez de um outro amigo tentar tirar algum proveito. Dessa vez, a mocinha parece nem sentir a mão pesada e áspera que repousa em sua coxa. Os amigos fazem uma espécie de círculo desarrumado em volta da menina, onde risadas, passadas de mão e palavras alternam-se. Uma hora os olhos dela começam a fechar-se e seu corpo a perder a força. Ela cai no chão, mas tomba lentamente, já que algumas mãos (bobas) amortecem sua queda. Com a menina prostrada no chão, os amigos não mudam de posição.Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-543430422279428207.post-25405223428935896502008-03-05T06:40:00.001-08:002008-03-05T06:40:48.147-08:00cartinhaTou precisando deles de volta. Me devolve, por favor. É, todos eles. Os bons, ruins, velhos, os mais novos. Os de hoje de manhã! Porra, preciso dos de hoje de manhã de qualquer jeito, foram maravilhosos e eu sei que não vou vê-la de novo e isso vai ser foda. Mas que puta sacanagem comigo. Isso não se faz. Você vem, leva tudo, não diz nada. E pra que levar? São meus, não são? ou eram? Porra. Eu preciso deles, sério mesmo. Foi muito de repente, não esperava. Como vou fazer agora? Tudo bem, de vez em quando é até bom que você leve alguns . A cabeça deita mais tranqüila no travesseiro, relaxo, o coração fica mais acalmado mas depende da situação. Não tem como me perguntar antes se eu quero mantê-los ou não? Vira e mexe você tira o que não era para tirar e deixa o que não era para deixar. É muita falta de consideração. <br /><br />Me dá de volta. Todos os Momentos. <br /><br />Tempo filho da puta.Unknownnoreply@blogger.com11